13/01/2009

A NATUREZA HUMANA E AS RELAÇÕES HUMANAS: SERÁ UM PARADOXO?

A NATUREZA HUMANA E AS RELAÇÕES HUMANAS: SERÁ UM PARADOXO?


A partir das falas de vários homens, sinto um grande desencontro ocorrendo, onde os homens estão sem referências de comportamento, após o início da derrocada do machismo e homem provedor.

Já as mulheres, após a conquista do espaço social e do trabalho, parecem ter caminhado para um extremo, onde o exercício daquilo que supostamente os homens faziam e que aparentemente se considerava como liberdade e realização, hoje parece tê-las deixado amargas e perplexas, pois descobriram que os homens, forjados no calor do machismo, não são possuidores de valores e densidades interiores. Desculpem os meus amigos, é a minha opinião.

A liberdade contemporânea parece ter deixado ambos os sexos meio sem entender o quê está, de fato, ocorrendo.

A busca do prazer pelo prazer inibe a percepção daquilo que parece ser a verdadeira busca dos homens e das mulheres.

Ambos parecem buscar a verdadeira visão do outro, a essência do outro, sem amarras, sem as distorções de visão e interpretação, e sem as algemas que surgem nas relações de longo prazo.

Hoje, parece que muitos humanos estão desejosos de "conhecer" mais e mais pessoas, mas não querem conhecer verdadeiramente o outro.

A contemporaneidade parece ser incompatível com relações de longo prazo, onde a individualidade e a subjetividade não são favorecidas, causando grandes frustrações e decepções para muitas pessoas.

Ao mesmo tempo, também parece ser equivocada a noção de que conhecer muita gente, ficar e estar com muita gente é algo prazeroso e satisfatório. Pode ser até no início, onde a novidade é sempre sedutora e desafiadora. Mas com o passar do tempo, a mesmice e a rotina ocupam espaço, gerando também mal-estar.

Uma sugestão é um olhar mais isento, sem expectativas em relação ao outro. Perceber o outro como um ser que também está em construção e que, portanto, não possui respostas prontas e acabadas.

Uma possibilidade é o exercício saudável da liberdade no qual o conhecer pessoas assume uma dimensão mais humana e menos coisificante, onde a relação é o palco do encontro de seres com histórias, percepções, sentimentos e subjetividades, cujo intercâmbio efetivo só pode trazer positividades para ambos, sem o fantasma do compromisso do "felizes para sempre"!

Somente nos últimos tempos a idéia da separação tornou-se mais aceitável e saudável, em termos de que uma relação de 10, 15 ou 20 anos deu certo. Nada é estável, tudo está em movimento e em transformação. E constatar que uma relação perdurou durante tantos anos, notadamente nestes tempos dinâmicos, é algo venerável e digno de registro altamente saudável.

"Eterno enquanto dure" é um princípio mais natural do que se imagina e deve ser vivenciado em paz, com equilíbrio, responsabilidade e humanidade. É lógico que quem se casa, pelo menos naquele momento, não avalia a hipótese de uma separação futura. Da mesma forma que quem se separa não deveria se culpar ou se sentir humilhado por "não ter dado certo". É claro que deu, só que esgotou, só que o amor evaporou e/ou se transformou, só que agora é ou pode ser a hora de finalizar.

Olhar a própria essência, reconhecendo entre as ações empreendidas erros e acertos, é ação altamente altruísta, pois renasce a verdadeira humildade humana. E valorizar o mundo interior é caminhar na trajetória mais firme e consistente da natureza humana, no estabelecimento de relações humanas mais densas e em consonância com a motilidade humana.

Ao mesmo tempo, percebo que é fundamental coragem de ser si mesmo e empreender as mudanças que efetivamente reflitam seu mundo interior. A permanente construção de relações deve ser um reflexo da permanente construção de si mesmo. Não estou falando de egoísmo e de individualismo, mas de individualidade. Trata-se do que e do quanto cada um apenas é. Ser o si mesmo. Perceber e exercitar o si mesmo enquanto a menor partícula da relação humana. Pois é a partir do si mesmo é que se inicia a percepção do outro, e não o contrário.

E se for o caminho, que se reinicie ou se finalize relações que se esgotaram na lapidação da convivência.

E, se for o caso, nada melhor do que finalizar em paz e com muita compreensão sobre a natureza humana e sobre o outro.

Somos mutantes. Mudamos a toda a hora e sempre.
E perceber este fato é constatar o quanto somos humanos.
É se aproximar de si mesmo e do outro.

E isto não é o fim do mundo. Ou será?

Espero que não.


JANEIRO/2009

Nenhum comentário:

Postar um comentário