29/06/2009

REFLEXÕES

Estar diante de si como num espelho
É desnudar toda mais pura essência
Implica em dignificar o sangue vermelho
Traduzir energia em plena experiência

A energia que tanto nos perpassa
Fazendo o corpo inteiro vibrar
Parece que o ser vive uma devassa
De todos atos e falas que ainda estão no ar

Não conseguimos exercitar-nos por inteiro
Nem expressar a densidade que em nós habita
Sinto a convulsão da emoção que chega primeiro
Mesmo assim a alma se agiganta e até grita

A voz que não consegue seu pleno expressar
O gesto que não termina no espaço
Sinto a incompletude do lindo ato de amar
Tão presente em tudo até no cansaço

A trajetória da lágrima que brota
Escorrendo da nascente em busca do mar
Até ela não escolhe qualquer rota
Também ela se inspira no ato de amar

É muito difícil sentir a incompletude
Presente em plena e simples atmosfera
Assumo que não sei se fiz tudo que pude
Só sei que não posso mais apenas lembrar tudo que era

A dor de tudo tão forte lá por dentro
Parece que está tanto me cobrando
Desvia o viver do seu puro centro
Embora eu sinta que continuo sonhando

Ainda bem que sou tão flexível
Para suportar esta tão dura mudança
Mas tomara que queime logo o fusível
É fundamental para uma nova dança

De tanto falar da beleza da dor
Acabo na margem do rio onde ela corre
Espetáculo sublime é do puro amor
Que nasce, que aflora e que apenas escorre

Assistir ao final de um belo espetáculo
Contrasta bem forte com a doçura do início
Durante o percurso, a superação de cada obstáculo
No final, surge a noção de um simples desperdício

Ser um ser de muitos floridos amores
Construindo o real e exótico jardim
Provando da beleza e também das dores
Privilégio humano que afeta tanto a mim

Em cada flor com toda sua verdade
Essências de margarida, rosa e jasmim
Densidade de vida que tanto agora arde
Intensidade de vida que se revela para mim

Não sei se lutei como se faz o grande guerreiro
Incansável durante cada dura batalha
O que sei é que só sei ser apenas por inteiro
Sem lacuna, sem brecha e com muita falha

O drama humano que nos caracteriza
Responde por cada perda ou construção
Não podemos ser tão duro com a vida profetiza
Não devemos nos afastar do coração

Encerro estas soberanas linhas da alma
Reencontrando a essência interior a renascer
Convidando novamente o ritmo da calma
Gerenciar a cadência deste inacabado ser!

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