13/01/2009

A OLÍMPIADA DE PEQUIM E A REALIDADE BRASILEIRA

A Olimpíada de Pequim, mais uma vez, refletiu a realidade brasileira. Desnudou as nossas carências, explicitou nossas mazelas e colocou o dedo na ferida nacional.

A verdadeira esquizofrenia política (corrupção; mau uso dos recursos públicos; desvios; nepotismo; falta da massificação do mérito acadêmico e técnico na ocupação dos cargos públicos) venho à tona, ao lado do caos social e econômico (manifestado na excessiva carga tributária; elevadíssima concentração de renda; nos presídios que não recuperam ninguém mas que criam e aperfeiçoam os marginalizados da sociedade; péssima estrutura educacional - baixo salário dos professores, inexistência de conselhos regionais de educação, baixo nível do ensino;), que também submergiu através do baixo desempenho olímpico, considerando que, atualmente, somos o 7º PIB mundial.

Diante deste lamentável e histórico quadro nacional, saúdo todos os atletas brasileiros, medalhistas ou não, uma vez que todos tiveram a coragem de enfrentar os diferentes países do mundo, alguns que são verdadeiras potências nas diversas modalidades esportivas.

Para alguns cientistas, a ideologia e a história estão sepultadas. A prevalência do consumo e a cultura do materialismo substituíram os princípios e valores éticos, o princípio do nacionalismo e a consistência da soberania nacional. E este traço também está presente nas "fronteiras nacionais".

Nosso país está carente de ações efetivamente éticas e morais, baseadas no respeito ao povo brasileiro, pois cada país age diante da realidade mundial defendendo suas cores, seus interesses, sua sobrevivência. E nós? Qual proteção que aplicamos ao melhor do Brasil, à sua gente?

Sob o título da modernidade, estamos privatizando a nossa liberdade, pois nas grandes capitais nacionais, onde estão os centros de gerência da produção econômica, não se pode mais circular livremente. A guerra urbana nos impede.

A produção econômica está sob as grades das gigantescas alíquotas que inibem o empresário brasileiro. É verdadeiro absurdo as pequenas e médias empresas serem tratadas como as gigantes transnacionais, em termos de direitos trabalhistas, fato que estrangula o investimento e geração de empregos.

É lamentável a nossa baixa capacidade punitiva. Discute-se o uso das algemas no asfalto para os poderosos usurpadores dos valores morais, enquanto nas favelas e bairros pobres, aqueles cidadãos já conhecem de cor e mágoas o seu uso desenfreado, envergonhado e violento à pessoa humana.

Precisamos de legislação de proteção ao idoso, à criança, à gestante, aos deficientes físicos, como não soubéssemos que tais seres humanos, pela sua natureza e condições específicas, impõe espontaneamente tratamento diferenciado pela sua diferenciada condição. Claro que precisamos de tais legislações, pois nós mesmos somos resultados de um caótico sistema educacional, que se preocupa em preparar para reproduzir valores, em preparar para competir e nunca em pensar, criar sugestões, sugerir alternativas, estabelecer possibilidades.

"Educar é criar oportunidades de crescimento", disse Paulo Freire. Mas esta lição, esta simples lição ainda não aprendemos como país. Somos liderados por oligarcas da mediocridade capitalista que defendem a acumulação pela acumulação, que enfatizam a competência da segregação e que promovem a feudalização política sob a ótica da incompetência empreendedora.

Parabéns medalhistas e não medalhistas, pois vocês, suas famílias, seus técnicos, vizinhos e amigos, apenas vocês sabem o que é a verdadeira competição, a verdade de uma olimpíada.

Pois muitos já competem a partir do momento do nascimento. E a medalha não é de ouro, nem de prata e nem de bronze. É a da sobrevivência. Sim, pois estar vivo e livre num país de mortos de valores e presos de consciência é ser um verdadeiro campeão olímpico.


Alberto Rodrigues de Barros
25/08/2008

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